Quando um pedido de casamento parece bruxaria
Há pessoas que entram na nossa
vida discretamente e, de forma subtil, transformam-nos somente com a luz da sua
existência. Foi assim com o Hugo. Em menos de ano e meio, tornou-se meu
namorado, meu noivo, meu marido. O meu amor-casa. Com ele vivo o amor
que sempre imaginei e que sempre me pareceu longínquo. Um amor em que tudo
flui naturalmente, em que tudo faz sentido e é sentido. Um amor que dá raízes
e asas, cúmplice e atento. Um amor entre duas almas velhas conhecidas, duas existências
que se tocam por dentro na tão delicada quanto sólida arquitectura dos afectos.
Desde que nos conhecemos, o Hugo
tem a capacidade de me surpreender. É uma pessoa muito bem-disposta, com
um sorriso incrível, que nos enche de boa energia. Podia ter razões para se ter
tornado uma pessoa amarga, mas não. O Hugo perdeu o pai em 1998 e a mãe em
2013, mas estas perdas dolorosas não o transformaram numa pessoa zangada com o
mundo. O meu marido é dono de uma doce resiliência, que nos abraça com o olhar.
No último dia de Novembro de
2017, o Hugo preparou-me a maior das surpresas. Em segredo, com a ajuda de
amigos e com a conivência do meu pai, começou a pensar o momento do pedido de casamento.
A 30 de Novembro, véspera de
feriado, o meu então namorado avisa-me de que só conseguirá chegar a Nelas no
dia 1 de Dezembro. Nesse dia de manhã, uma amiga-mana manda-me mensagem a
convidar para jantar em casa dela, com o pretexto de não estarmos juntas há
algum tempo. É um convite irrecusável, diz-me. Eu estava constipada, estava um
frio tremendo, a ideia de recusar ainda me passou pela cabeça, mas acabei por aceitar.
Durante o serão, e enquanto jogávamos “Monopólio” em família, troquei mensagens
com o Hugo, que me disse estar em arrumações em casa. Estranhei, tendo em conta
o facto de andar cansado, mas admirei o seu empenho em prosseguir a missão “destralhar”.
Antes das 23h30, a minha amiga
começa a dizer-me que era hora de terminarmos de jogar “Monopólio”, para irmos
descansar. E assim regressei a casa. Quando cheguei, estranhei os portões da
garagem ainda não estarem fechados, e de a lareira ainda estar acesa. Mas o que
me criou mais estranheza foi mesmo o facto de, a partir da janela da cozinha,
ver umas velas a arder no muro do alpendre. Velas rodeadas por pétalas.
Estupefacta, a primeira coisa que me ocorreu foi: “O que se passa aqui? Isto é
bruxaria?”. Abro a porta da cozinha e, ao longe, vejo luzes a iluminarem a nogueira
do quintal. “Mas o que se passa aqui?!”, soltei no meio da gélida escuridão,
para logo de seguida ouvir a voz quente do Hugo a dizer: “Olá, meu amor”.
Vou ao encontro da voz-abraço e
ali está o meu namorado, agachado debaixo da nogueira, a ser bombardeado com
perguntas: “Mas como é que estás aqui? Como é que vieste? Como é que preparaste
isto?”. Ali ficámos abraçados, até ele ganhar coragem para me mostrar a caixa
pequenina decorada com um desenho de uma orquídea, feito por ele. Lá dentro, o
anel de noivado. Um anel, cuidadosa e pacientemente, escolhido por ele. Um anel
que ele quis que fosse a minha cara, a nossa. E não podia ter escolhido melhor.
O anel, da criadora Paula Castro, representa o caule de uma orquídea, uma
planta com um significado especial para nós. Um anel aberto, como se quer o
amor: livre para crescer. “Queres casar comigo?”,perguntou-me. “Sim, claro que
sim!”, respondi, de imediato. Num abraço contra o frio, ali permanecemos mais
de uma hora, a olhar para aquele cenário mágico criado pelo Hugo, com velas,
lanternas e lâmpadas pendentes. O pedido de casamento não poderia ter sido mais
perfeito. No nosso peito nocturno nasceu uma constelação de fogueiras, no
último dia do mês 11. Mais uma vez o número 11 a colocar-se à janela da nossa
relação.
Do pedido de casamento à escolha
da data de casamento, passaram-se alguns meses. Sabíamos que não queríamos
deixar passar mais de um ano. Apontámos o dedo aos meses de Junho ou Julho.
Faltava decidir o dia. De repente, a data 07.07.2018 passou a fazer sentido.
Todo o sentido. Não só porque a primeira vez que dissemos um ao outro “amo-te”
foi num dia 7, o Hugo gosta muito do número 7, faz anos num dia 27 e eu num dia 28, mas também por toda a
simbologia associada a este número. A data estava decidida. Faltava só
confirmar se haveria disponibilidade para aquele dia não só na igreja da minha
paróquia, mas também na quinta desejada. O fotógrafo que queríamos também
estava disponível. Perfeito.
Havia que começar a pensar nos
convites. Queríamos que estes fossem personalizados e, de forma poética,
reflectissem o nosso amor. Sendo o Hugo arquitecto, tornou-se óbvio que os convites
seriam desenhados por ele. A natureza iria marcar presença nos convites e a
botânica a fonte de inspiração para todo o casamento. Um ramo de árvore com o
namoro de dois passarinhos tornou-se o logotipo do envelope. Já o convite acabou
por ter na frente um desenho que representa, para nós, o amor: duas mãos entrelaçadas
que dão origem a raízes com asas. O esboço da ideia ocorreu ao Hugo durante uma
reunião de trabalho, o que mostra que no meio da azáfama de compromissos podem
surgir as ideias mais criativas.
A abraçar o envelope do convite,
para dar um ar mais rústico, colocámos um cordel com uma flor roxa (cor que
remete para a lavanda, planta que queria mesmo que marcasse presença no
casamento) que mantém um aspecto bonito, mesmo sem água.
Para a impressão dos convites,
escolhemos a Grafinelas, que nos apresentou um trabalho de qualidade e rapidez
a preços baixos. Ficámos muito contentes com o serviço desta gráfica,
não só no que diz respeito aos convites, mas também no que toca aos marcadores
de mesa, listas de distribuição de convidados, livro de honra e ofertas aos
convidados (que nos esquecemos de entregar no dia do casamento,ups!).
Gostaram dos
convites?
Inspirador, como mereces, essas raizes que fortaleceram e vão dando lugar a uma árvore bonita e forte❤
ResponderEliminarObrigada pelas tuas doces palavras. Beijo grande <3
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